quinta-feira, dezembro 6

03:54

A chuva cai devagarinho
O vento a trás depressa
Molhando o papel em branco
Apoiado nesta velha sacada

O frio da noite arrepia
As gotas molham a pele seca
Mais um trago, mais alguns
E a folha treme, enxarcada

O som da água é baixo
Alto, em relativo silêncio
Ao adentrar um novo dia
De um raiar de sol imenso

E da sacada observando
Carros e postes e luzes
Calado porém permaneço
E penso como isso é bonito

Permanecer junto ao todo
Coexistindo, papel e caneta
Driblando as gotas incessantes
Desenfreado escrever, avante!

Até que a luz não mais brilhe
E de breu passar a vivenciar
O raiar de mais um dia
Ou de um velho, o findar.