
("quando um simples abrir da caixa de entrada
nos faz recordar de tempos e tempos atrás")
A solidão é companheira, quando se vê nela companhia.
A solidão é confidente fiel, e disso tenho noção, pela prática.
Numa de nossas incontáveis conversas, chegamos à conclusão de que apenas vivendo nesta condição, podemos perceber coisas relativas ao que fora deixado para trás. Coisas do tempo, coisas que simplesmente se perderam no tempo, coisas que foram esquecidas, coisas que foram levadas pelo vento. Penso na quantidade de esforços, nas inúmeras vezes em que tentamos algo pela primeira vez, todas aquelas batalhas, desde a nascença até os dias de hoje. Vícios, adquiridos no berço.Tantas e tantas e tantas vitórias, tantas derrotas. O ser humano quando pequeno é um mar de incompreensão e expectativas. Espera-se demais por tudo e por todos quando não se tem a clareza de alguns anos a mais. Tanta dependência, tanta necessidade, da aceitação social à simples amizade. Amizade é algo que não cabe à simplicidade, ainda mais quando se é pequeno. Os anos passam, os amigos caminham juntamente, os pais ainda presentes, tudo segue de forma a se comparar com filmes hollywoodianos, em que aviões pendurados e estantes cheias de bonecos, decoram o interior do seu quarto. Ao meu ver, uma das maiores formas de se entender o que se passa pela cabeça de uma pessoa, é analisando a decoração que a mesma faz ao seu quarto. Infalível. Não se pendura um quadro do qual não se gosta na parede. A espera pelo jantar, as brigas pelo controle remoto, tudo com o selo da conveniência. Talvez dos doze aos dezesseis, sejam os anos da definição de que diabos tal pessoa vai ou não ser. Anos da identificação, da afirmação pessoal. É a época da paixão, do primeiro, do segundo, do terceiro, quarto, quinto, SEXTO! Nossa! Quanto amor! Sexo, apenas mais uma das outras várias descobertas que se faz quando se tem essa faixa de idade. Que atire a primeira pedra, o garoto que não esperava, pelo maravilhoso momento, em que a professora abaixava pra pegar o giz. Impossível, fato. Anos dos extremos, de aprendizados, do que pode e do que realmente não pode. É quando se toma aquela bela rasteira e se chega à conclusão do quão traiçoeiros podem ser os nossos atos, e do preço caro a se pagar por uma brincadeira. As transas fluem, as drogas fluem, tudo está à sua volta, dependendo sempre da sua predisposição para assimilar ou não a presença de tais meros detalhes. A vontade, a dependência, a necessidade, passa de pai e mãe pra uma outra pessoa, de outra família, outra rua, outro bairro. E tudo aquilo que se falava, ou melhor, tudo aquilo que era trocado em breves sussurros ao pé do ouvido, com os pais, com os entes queridos, de forma a não se poder explicar, perde o sentido. Perde não, apenas é transferido para outro ouvido. E quando esse ouvir não se faz presente, vem a saudade, a palavra mais correta pra definir a tal necessidade. É o querer daquele momento, daquele sorriso, é o implorar pela presença, pela segurança, é o querer por perto a quem vos ama, é o entregar-se por completo à não extinção da chama perpétua, do amor. Por que não existe saudade indiferente ao amor. E é com um pouquinho a mais de primaveras que se percebe o quanto vivemos de e por amor. A única lei incontestável, a lei que rege o universo, a lei unânime, o Amor. Este, que nos atira de penhascos e, nos leva às alturas, num simples piscar de olhos. O mesmo piscar de olhos que se dá quando se percebe que o tempo - o mesmo do começo desse texto – simplesmente passou. E você vê na sua cara, pêlos que ali não habitavam anos atrás, e no seu guarda-roupa, acessórios que não teriam utilidade alguma aos dez, onze. Sobre a mesa, uma coleção de discos antigos, coisas que só o seu pai ou algum tio muito antiquado ousariam ouvir. O jogo do tempo faz com que se perceba a distância imposta pela idade, e que, por mais que possamos esquecer, perder momentos, gratos ou não, uma infinidade de acontecimentos, nunca, nunca deixamos de ser quem somos. Não mudamos, simplesmente. O que muda é a foto, no documento, o porte físico, o raciocínio, o gosto. De resto, somos espelhos daquilo que já fomos um dia. O brilhar de olhos da inocência, hoje já perdida. Nunca perdemos o que habita em nossa lembrança, o que, por mais distante que esteja, nos faça recordar da nossa aurora da vida, nossa infância, querida, infância que ficou pra trás, e que os anos, infelizmente não trazem mais.
A solidão é confidente fiel, e disso tenho noção, pela prática.
Numa de nossas incontáveis conversas, chegamos à conclusão de que apenas vivendo nesta condição, podemos perceber coisas relativas ao que fora deixado para trás. Coisas do tempo, coisas que simplesmente se perderam no tempo, coisas que foram esquecidas, coisas que foram levadas pelo vento. Penso na quantidade de esforços, nas inúmeras vezes em que tentamos algo pela primeira vez, todas aquelas batalhas, desde a nascença até os dias de hoje. Vícios, adquiridos no berço.Tantas e tantas e tantas vitórias, tantas derrotas. O ser humano quando pequeno é um mar de incompreensão e expectativas. Espera-se demais por tudo e por todos quando não se tem a clareza de alguns anos a mais. Tanta dependência, tanta necessidade, da aceitação social à simples amizade. Amizade é algo que não cabe à simplicidade, ainda mais quando se é pequeno. Os anos passam, os amigos caminham juntamente, os pais ainda presentes, tudo segue de forma a se comparar com filmes hollywoodianos, em que aviões pendurados e estantes cheias de bonecos, decoram o interior do seu quarto. Ao meu ver, uma das maiores formas de se entender o que se passa pela cabeça de uma pessoa, é analisando a decoração que a mesma faz ao seu quarto. Infalível. Não se pendura um quadro do qual não se gosta na parede. A espera pelo jantar, as brigas pelo controle remoto, tudo com o selo da conveniência. Talvez dos doze aos dezesseis, sejam os anos da definição de que diabos tal pessoa vai ou não ser. Anos da identificação, da afirmação pessoal. É a época da paixão, do primeiro, do segundo, do terceiro, quarto, quinto, SEXTO! Nossa! Quanto amor! Sexo, apenas mais uma das outras várias descobertas que se faz quando se tem essa faixa de idade. Que atire a primeira pedra, o garoto que não esperava, pelo maravilhoso momento, em que a professora abaixava pra pegar o giz. Impossível, fato. Anos dos extremos, de aprendizados, do que pode e do que realmente não pode. É quando se toma aquela bela rasteira e se chega à conclusão do quão traiçoeiros podem ser os nossos atos, e do preço caro a se pagar por uma brincadeira. As transas fluem, as drogas fluem, tudo está à sua volta, dependendo sempre da sua predisposição para assimilar ou não a presença de tais meros detalhes. A vontade, a dependência, a necessidade, passa de pai e mãe pra uma outra pessoa, de outra família, outra rua, outro bairro. E tudo aquilo que se falava, ou melhor, tudo aquilo que era trocado em breves sussurros ao pé do ouvido, com os pais, com os entes queridos, de forma a não se poder explicar, perde o sentido. Perde não, apenas é transferido para outro ouvido. E quando esse ouvir não se faz presente, vem a saudade, a palavra mais correta pra definir a tal necessidade. É o querer daquele momento, daquele sorriso, é o implorar pela presença, pela segurança, é o querer por perto a quem vos ama, é o entregar-se por completo à não extinção da chama perpétua, do amor. Por que não existe saudade indiferente ao amor. E é com um pouquinho a mais de primaveras que se percebe o quanto vivemos de e por amor. A única lei incontestável, a lei que rege o universo, a lei unânime, o Amor. Este, que nos atira de penhascos e, nos leva às alturas, num simples piscar de olhos. O mesmo piscar de olhos que se dá quando se percebe que o tempo - o mesmo do começo desse texto – simplesmente passou. E você vê na sua cara, pêlos que ali não habitavam anos atrás, e no seu guarda-roupa, acessórios que não teriam utilidade alguma aos dez, onze. Sobre a mesa, uma coleção de discos antigos, coisas que só o seu pai ou algum tio muito antiquado ousariam ouvir. O jogo do tempo faz com que se perceba a distância imposta pela idade, e que, por mais que possamos esquecer, perder momentos, gratos ou não, uma infinidade de acontecimentos, nunca, nunca deixamos de ser quem somos. Não mudamos, simplesmente. O que muda é a foto, no documento, o porte físico, o raciocínio, o gosto. De resto, somos espelhos daquilo que já fomos um dia. O brilhar de olhos da inocência, hoje já perdida. Nunca perdemos o que habita em nossa lembrança, o que, por mais distante que esteja, nos faça recordar da nossa aurora da vida, nossa infância, querida, infância que ficou pra trás, e que os anos, infelizmente não trazem mais.