segunda-feira, novembro 10

A Última

Entregue ao lamento, da solidão e saudade, ele enfrenta sua rotina diária, de copos e mais copos de uísque madrugada adentro, remoendo em sua memória a lembrança da mulher amada, que o deixara.

Cansado desta situação, bebe outra dose e se desloca a uma boate, decadente, suja, repleta de prostitutas, algo muito próximo à sua condição. Chegando ao local, logo conhece Natália, uma mulher tão solitária quanto ele, cansada do marido, buscando diversão. Ele não sabe se ela é realmente bonita, ou se é apenas efeito do álcool, mas ignora tal dúvida e a convida para dar uma volta.

No carro, ele se excita com a possibilidade de “libertação”, chega de decadência. Mal estaciona e ela avança, com toda sua experiência de mulher madura, mas a lembrança não vai embora. O som do carro, da cidade, o som da mulher, plena de vontade, vão lhe deixando confuso, e cada vez mais atormentado.

Ele busca por algo no porta-luvas, e então são três disparos, três lapsos desesperados, na tentativa de conter de uma vez por todas a angústia que não lhe aquietava a alma. Pior para a mulher, pobre coitada, estirada no banco do carro.

Uma volta, e de volta à sua casa, “dane-se”, e se deixa levar por outra dose, A ÚLTIMA, desta vez para esquecer a noite.