Debruçada em meu colo ela parece estar em coma. Nada a faz despertar de um sono ou sonho profundo ao qual vem se perdendo desde alguns instantes atrás. Seu cabelo liso e comprido, moreno como o negro de uma noite sem luar, escorre por entre as minhas pernas. Minhas mãos a tocam delicadamente, um afago, confortando pensamentos de seu inconsciente adormecido. Algumas horas atrás seu coração fora partido, por alguém que dificilmente voltará a vê-la sorrir. Seu ímpeto apaixonado, feminino e forte, fez com que ela adentrasse o recinto, onde atos impróprios para menores eram praticados sem menor pudor. Seus olhos, que um dia, esperançosos, buscavam perpetuar aquela figura em seu interior, se cobriram de lágrimas. O amor de sua vida, o cara certo, símbolo de uma relação que até ali se firmava a cada dia, não como num casamento, mas de forma sincera e segura, agora, estava deitado sobre uma outra mulher, talvez menos amada, menos admirada, porém, presente, em uma situação aparentemente desconfortável.