quinta-feira, janeiro 24

Banzo

(ou Mãe África)

Chegada é início e fim, fim para quem parte
Assim, de tão longe, tão distante, tão África
Iniciar nova vida, novas cores, novas dores
Dor, castiga, o Negro, roubado de sua terra

Novas crenças, novo louvor, novos amores
Paixão fiel, à sua fé que os sopra ao infinito
Chegado o novo chão, batido, próprio algoz
De seu sangue, de seus antepassados, Obá

Em seu sangue, ó Pátria Amada, Yemanjá
Em seu seio, nostalgia dos Novos Tempos
Indiferente à natureza de seu Pai Obatalá
De tradições e costumes agora despojados

Teus olhos não mentem, negro passarinho
A Honra maculada, tuas cicatrizes abertas
Fora tirado de seu caminho, pelos Brancos
Frágeis Porcelanas de conteúdo impróprio

Mas tuas asas nunca foram cortadas, Oyá
Sempre pôde flutuar, ventos de Orunmilá
À sua terra reencontrar, África da Paixão
Filhos de solo Fértil, solo Negro e Sagrado