sábado, fevereiro 9

Carta para Alma

Venho pensando em ti com tamanha frequência, ao passo que agradeço pelas tuas respostas às minhas infindáveis dúvidas. Por onde andará aquela minha juventude? Minha maturidade, meu caráter, minha responsabilidade e, todos os preceitos necessários para o cultivo de uma personalidade qualquer, minha essência? Trago em meu sorriso a alegria da criança, que fui, e a falsidade do adulto corrupto, mecânico, que sou, ou possa ser. Em meus olhos, um poço de infinitas possibilidades, trejeitos, brilho certo de incertezas e uma certa falta de coerência, em algumas ocasiões. Coexisto, e sei bem disso, fisicamente e espiritualmente. Tão bem quanto sei, que meu sangue, agora maculado, converge com meus guias esquecidos. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na caretice de meus dias e na insanidade de muitas noites que prolongaram-se até se tornarem dias. Coexisto, e disso bem sei. Porém, próximo e distante, tal como óleo e água. Mecanismo mal calculado esse, da existência, um corpo, vivo, atuante, decisivo ou flutuante, corrompido pelos males da máquina humana, das perambulâncias pelas megalópoles infinitas do real. Entretanto, penso no pensar, que felizmente não pode ser adquirido, comprado. E posso facilmente sentir sua energia circulando por todos os espaços, internamente em meu corpo. Agora pense de mim o que bem quiser, ou puder, pois teu pensamento não posso macular. Apenas ajuste melhor o balanço do meu viver, do teu viver, do nosso, e que prossiga a me ninar e me acordar, para a vida.