terça-feira, fevereiro 26

Ódio

(Sobre Sentimentos)

Existia em sua casa, construída sobre a ruína da antiga amistosidade, um animalzinho, um monstrinho, o qual fora apelidado por seu senhor, de Ódio. Viviam perfeitamente juntos, não se estranhavam, não se cutucavam, apenas se admiravam, cria e criador. O Homem, fazia de tudo para que seu estimado companheiro pudesse desfrutar de um bom crescimento. O alimentava diariamente, sempre em grandes quantidades. Por mais algum tempo, coexistiram debaixo do mesmo teto, sem qualquer desavença. Continuava o alimentando diariamente, seguindo sua rotina e, sempre, em grandes quantidades. Até, que um belo dia, depois de passado algum bom tempo, o Homem percebeu não estar mais diante de um simples bichinho, estava diante de uma aberração, enorme, de face horripilante e de instinto destrutivo, o que o deixaria assustado. Deixaria, pois quando menos percebeu, fora devorado por sua cria, tão bem alimentada, tão bem criada, tão bem orientada. Por fim, o horripilante ser não só devorou a seu criador, mas como a todos que viviam à sua volta.